Monday, July 21, 2008

O “TAO TE CHING” e a REALIZAÇÃO PESSOAL

O "TAO TE CHING" e a REALIZAÇÃO PESSOAL

“Sou melhor que muitos e pior que poucos.”
W. Somerset Maugham


Segundo o “TAO TE CHING” (ou "O Livro do Caminho e da sua Virtude") para que um Homem se considere realizado é necessário (1) EDUCAR UM FILHO, (2) PLANTAR UMA ÁRVORE e (3)ESCREVER UM LIVRO.
Então, PALMAS PARA MIM.
Porquê?! Ora, porque na passada Sexta-feira, dia 14 de Março de 2008, o meu codé (que, nas últimas férias, jogou como ponta-de-lança do VILA NOVA Futebol Club e que já foi da Associação Académica da Praia) fez a colação de grau, enquanto bacharel em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário da FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ (já havia feito a colação de grau o ano passado por ter obtido a Licenciatura plena na mesma área) e segue pesquisando para o seu Mestrado em Genética e Biologia Molecular; porque a minha filha do meio (que é Economista pela UNESP, MBA pela UAL e aguarda uma banca examinadora para a dissertação da sua tese de Mestrado em Finanças, pelo ISCTE) já é mulher feita; e porque o meu filho mais velho (que é Engenheiro Mecânico de formação e Mestre em Engenharia de Produção, pela UFEI) está retomando o seu projecto de doutoramento em Engenharia de Automação; e porque quero crer que estes factos fazem de mim um fulano que já educou TRÊS FILHOS.
E PALMAS, só por isso?
Não só. É porque, também, na minha casa de campo em São Jorge dos Órgãos, Chã de Vacas, pontificam, pelo menos, 03 mangueiras, 02 acácias rubras, 02 amendoeiras, várias papaieiras, azedinhas, limoeiros, laranjeiras, palmeiras e coqueiro, plantadas por mim entre 1999 e 2004; porque estas árvores (e mais alguns arbustos) foram plantadas por mim, sendo que a maioria frutificou já; e porque isso faz de mim um homem que já plantou mais de TRÊS ÁRVORES.
E PALMAS também porque escrevi, e mandei publicar já, 03 romances («BABAN, o ladino», «A VIÚVA VIRGEM» e «SAPATOS DE DEFUNTO»); e o jornal A SEMANA tem já pronta para publicação a obra «A CORRESPONDÊNCIA DE FIDALGO PRETO» (um livro de crónicas escolhidas, publicadas naquele semanário de 2001 a 2004). Serão, para já, mais de TRÊS LIVROS escritos.
Por isso – e dentro daquela ideia dos sempre sábios chineses, de que para um Homem se considerar realizado mister se torna que ele plante uma árvore, eduque um filho e escreva um livro – diante da obra feita (plantei mais de 03 árvores, eduquei 03 filhos e escrevi mais de 03 livros), acho que posso me considerar um HOMEM REALIZADO de, pelo menos, TRÊS costados. O que me dá um enorme prazer e me confere o direito de PEDIR, aos amigos, PALMAS PARA MIM.
Diante de uma tal consagração (algo de que, infelizmente, nem todos se podem vangloriar); sem nunca me ter submetido a quaisquer laços degradantes; e não sendo dado a subserviências; registo, aqui e agora, e para a posteridade, que o cara aqui não quer para si nada mais do que VIDA E SAÚDE. Desde logo porque sabe que não há almoços grátis e principalmente porque não está disposto a se deixar surpreender com contas que não se pagam com dinheiro.
E a verdade é que, para além da realização pessoal, tenho razões de montão para estar em paz comigo mesmo: os meus pais são ainda vivos, estão lúcidos e com saúde (a bênção pai, a bênção Dona Lídia); tenho três netas (cabo-brasileiras) lindíssimas (que Deus vos abençoe); tenho uma pequena turma de amigos fantásticos (saravá, brothers); mantenho um público leitor fidelizado (e que me adora) para a coluna que mantenho no maior jornal do país; estou no topo da carreira que abracei (e o rendimento mensal líquido correspondente a esse posto escreve-se com 6 dígitos, sendo que o primeiro é maior do que a unidade); moro em casa própria, localizada no melhor bairro do país, na mais próspera cidade e na mais rica ilha, do arquipélago (e não pago renda; antes, recebo); tenho o carro mais popular do país (depois da Starlet da TOYOTA, claro); etc.
Que mais poderia desejar? Deixar o meu bem-bom, a troco de quê? Fala sério! Estivesse interessado em PODER e ambicionasse um cargo remodelável, por exemplo, há muito que teria realizado a condição básica: a inscrição em um partido político. Mas isso é coisa que jurei não voltar a fazer. Nem que a vaca tussa!
Mas a vida é como é: nem todo o mundo comunga dos mesmos valores. Há quem se satisfaça apenas com o TER; outros preferem o SER; há quem passe a vida toda à procura do PODER; alguns (hoje e graças a Deus, cada vez em maior número) apostam todas as fichas no SABER. Gostos, apetências, competências, educação… que sei eu?! O diabo é que quando não chove na nossa horta o quanto desejaríamos, saímos à cata de culpados até os encontrar ou forjar. À viva força. Deus e o Mundo que se cuidem. E parece haver mesmo quem realize rituais de purificação, projectando as frustrações pessoais sobre os desafectos, contando que, isso feito (com muita fé e perseverança), tais frustrações se transfiram para estes, deixando-os com a ilusão de um ente realizado. Mas aí já são terrenos movediços que conviria evitar…
No entanto, mesmo aí, como em muitas outras situações da vida, rir é o melhor remédio. É que quando nos rimos de nós próprios, estamos nos humanizando e, por vezes, ainda que inconscientemente, está-se dando o primeiro passo rumo à salvação. Para ajudar a suportar as etapas de frustrações, recomendo o bom humor do humorista brasileiro Millôr Fernandes, a propósito da tríade de exigências do LIVRO de TAO: “O filho que gerei, queima o livro que escrevi, à sombra da árvore que plantei.”
Gerou um filho, escreveu um livro e plantou uma árvore. Mas não foi o bastante: o filho gerado (mas não educado, como prescreve o Livro de TAO) queimou, à sombra da árvore plantada pelo progenitor, o livro escrito pelo mesmo, no tempo que, ao que tudo indica, devia ter dedicado à educação do filho. Porque, em boa verdade, qualquer situação é menos frustrante que a “tragédia” de Millôr, da leitura surgiria uma réstia de esperança que poderia permitir algum alívio das tensões e frustrações individuais, ao mesmo tempo que deixaria pistas que sublinhariam o valor da educação.

E a EDUCAÇÃO é TUDO, chèrs dames et monsieurs. E faz toda a diferença!

No comments: