Monday, June 13, 2011

O MELHOR CANDIDATO

“Um teste (…) de qualquer espécie é, sobretudo, um processo humano e não uma coisa física. É um processo que se inicia e termina por um julgamento humano.”

WAYNE DYER

Quem é o melhor candidato na eleição que se avizinha?! Ora, isso não é pergunta que se responda com um «É FULANO» e ponto final. Responder a uma tal pergunta deve pressupor, antes de mais, responder a estoutra: COMO IDENTIFICAR UM BOM CANDIDATO? É que o melhor de três deve ser BOM em si e de per si.


1. PREMISSAS DE UM BOM CANDIDATO
Como se afere um bom candidato?! Desde logo, bom candidato não é todo aquele que se diz bom candidato. Para um eleitorado de luxo, como o cabo-verdiano, um bom candidato a um posto é todo aquele que mostra ter potencialidade para dar boa conta do recado, i. e., que mostra ter pergaminhos técnicos, emocionais e éticos para o bom desempenho do cargo a que concorre. E quando o cargo na mira é a Suprema Magistratura da Nação, a qualidade desses pergaminhos deve ser muito bem escrutinada. Por isso, a sabatina não pode ser dispensada.
Um bom candidato a Presidente da República (PR) deve ser avaliado com base em três premissas básicas, a saber:
1.1 O SABER SER
1.2 O PORQUE QUER SER
1.3 O PODER SER

1.1 O SABER SER, ou as COMPETÊNCIAS PARA SER, um bom Presidente da República, tem a ver com a capacidade técnica e científica para o bom desempenho do cargo. Implica em conhecer bem a função, suas coordenadas e limites e, sobretudo, ter uma atitude de culto em relação à Constituição Política da República (CR). Aliás, se se candidata para ser o guardião da Constituição e árbitro do sistema político nele desenhado, com responsabilidades em matéria de realização do Estado, da Sociedade e da Administração Pública e de outros grandes desígnios nacionais, mister se torna cultuar a CR. Um bom candidato deve ter nota muito alta nesta premissa. É determinante, conquanto não seja suficiente. Não basta o SABER para fazer de um fulano um bom candidato. Há mais premissas.

1.2 PORQUE QUER SER, ou as MOTIVAÇÕES PARA SER, Presidente da República, tem a ver com as motivações do candidato para concorrer ao cargo. As questões que o leitor deve se pôr (ou, quiçá, pôr aos candidatos) são: PORQUE CONCORRE? É PORQUE A CARA-METADE QUER, PORQUE QUER, SER PRIMEIRA-DAMA? SERÁ POR CAUSA DOS HONORÁRIOS, DAS VIAGENS E DOS BENEFÍCIOS DA REFORMA (pensão, secretários, seguranças, viatura, telefone e demais regalias)? CUMPRIMENTO DE MERA ESTRATÉGIA PARTIDÁRIA? ORGULHO PESSOAL? OU ESPÍRITO DE MISSÃO? Dependendo da resposta que tiver para cada um desses quesitos, o eleitor decide se o candidato vale, ou não, a pena. O candidato que não passar por este crivo, não merece chegar à Suprema Magistratura da Nação. É definitivo e excludente, por razões mais do que óbvias.

1.3 O PODER SER, ou a LIBERDADE PARA SER, um bom Presidente, tem a ver com o género de compromissos que o candidato estabelece para chegar ao cargo. Aqui não pode valer tudo. Quem serve a dois senhores, a um deles, cedo ou tarde, trairá. O PR, enquanto árbitro do sistema, fautor da coesão nacional e vigilante da Constituição, não pode ter peias no exercício de tão altas funções. Tem de ter com base, guia e limite, APENAS a Constituição Política da República. Quaisquer compromissos que ameacem, ainda que ao de leve, a sua imparcialidade e liberdade de acção, tiram ao candidato pontos nesta premissa. E aqui, diferente dos Tribunais, na dúvida, condena-se o “réu”. É que é o equilíbrio, a equidade e a credibilidade do sistema político que está em jogo, que é como quem diz, o nosso futuro colectivo.

2 PONDERAÇÃO DAS PREMISSAS
Deverá o eleitor, no seu processo de avaliação, dar o mesmo peso às três premissas? Pessoalmente, acho que não. É importante o SABER? Fundamental, responderá. Mas o saber pode ter-se mais ou ter-se menos e sempre haverá como melhorá-lo – estudando, montando uma belíssima equipa de conselheiros, enfim, investindo, a cada dia, na melhoria do domínio dos pressupostos e regras da função. Que dizer das MOTIVAÇÕES? Aqui diria ao leitor/eleitor que pau que nasce torto, nunca, ou mui dificilmente, se endireita. Quem se candidata por razões escusas ou calculistas não merece chance nenhuma. Razão porque a premissa MOTIVAÇÕES (O PORQUE QUER SER) deve ter um peso maior no processo de avaliação do candidato. Se o primeiro quesito tem o peso 1, este deve ter o peso 2. E quanto à AUTONOMIA (LIBERDADE PARA SER)? Aqui é a sua expectativa em relação ao candidato eleito. Qualquer correcção de fundo só pode acontecer cinco anos depois, negando-se-lhe a reeleição. Entender-se-á bem que deva ter um peso maior. Sugiro que na ponderação dos resultados, tenha o peso 3.
Porque seria interessante ter uma vista de um quadro de ponderação de resultados (convido o eleitor a fazer um tal exercício no processo de escolha do candidato em que vai votar)


No exercíco sugerido, mesmo que todos os candidatos tenham obtido um 10, um 9 e um 8, a verdade se destacam aqueles que tiveram melhor avaliação no quesito AUTONOMIA (PODER SER ou a LIBERDADE PARA SER). E seria interessante se o exercício nos conduzisse a uma situação de empate em termos de classificação final ponderada. Qual dos dois escolheria? Obviamente que o candidato que nos tivesse convencido que exerceria o mandato com a máxima autonomia e liberdade.
E porque os critérios de escolha devem ser previamente definidos, submeto ao leitor/eleitor uma proposta de diagrama orientador da escolha a fazer.


3 DIAGRAMA DE ESCOLHA
A escolha final é sempre muito difícil quando se decide pensar pela própria cabeça e não se deixar levar pelos expedientes dos marketeiros de serviço. Contudo, recorrendo a um diagrama, combinado com a avaliação ponderada, fica mais fácil (ou menos difícil, conforme se preferir) tomar uma decisão em bases sérias. É que o melhor candidato não é aquele que se diz melhor, nem aquele cujo comité de candidatura nos tenta vender como sendo o melhor. O melhor candidato é aquele que resiste aos crivos de avaliação adoptados pelo eleitor. E porque ser Presidente de República é coisa séria, o processo pessoal de escolha tem de ser, forçosamente, sério. Por isso e, AINDA, pelo respeito que nos merecem os anteriores titulares do cargo, há que ser exigente qb.


4 QUESTIONAMENTO/EXPOSIÇÃO DOS CANDIDATOS
Porque os elementos para a avaliação dos candidatos nem sempre estão directamente disponíveis, necessário se torna o QUESTIONAMENTO DOS CANDIDATOS, obrigando-os a se exporem. Audiências Públicas, Debates, enfim, Exposições Públicas de como se pretende cumprir o mandato, tornam-se indispensáveis. Aliás, de que outra forma poderiam os leitores preencher as lacunas do perfil do candidato? Escolher o Mais Alto Magistrado da Nação com base, APENAS, em campanhas de marketing e propaganda políticos? NEVER MIND.

5 A MELHOR CAMPANHA
Por isso, a melhor campanha presidencial é aquela que se esforçar por uma melhor e mais factual exposição das competências técnico-científicas do candidato; que demonstrar, à saciedade, que o candidato é motivado pelas mais nobres razões, que o que o faz correr é a sua determinação em servir o país (e nunca, jamais e em tempo algum, se servir do país); e, sobretudo, a que der garantias inatacáveis de que o candidato é capaz de fazer uma magistratura de influência, exemplar e com absoluta autonomia e liberdade de acção – agindo sempre de acordo com a CR, para a plena realização da CR e tendo sempre como base, guia e limite a CR. Uma campanha que, enfim, ponha a nu os elementos de avaliação do candidato. O melhor candidato é aquele que não se esconde atrás do marketing e da propaganda, nem escamoteia os elementos para a sua justa e correcta avaliação pelo eleitor, antes EXPÕE-SE, ESCANCARA-SE, em audiências públicas, debates e outras formas de exposição.

6 O DIA “D”
Enfim, chegado o dia D, o boletim a introduzir na urna deve ter um “X” no quadrado correspondente àquele que considerarmos ser o melhor candidato. Melhor candidato não apenas por ter sido bom em qualquer outra actividade anterior, mas por ter demonstrado, inequivocamente, ter potencial para ser um bom Presidente da República – capaz, movido pelo desejo de servir e com todas as condições para exercer a Suprema Magistratura da Nação com o máximo de autonomia e liberdade.