Tuesday, October 28, 2008

OBAMA: O FENÓMENO

BARACK OBAMA PODE OU NÃO VIR A SER ELEITO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. O FACTO CENTRAL É QUE ESTE AMERICANO, ESTE CIDADÃO DO MUNDO, ENTROU PARA A HISTÓRIA UNIVERSAL. AINDA EM CAMPANHA, ULTRAPASSOU JÁ, EM POPULARIDADE, ATÉ O MALOGRADO JOHN KENNEDY.
BARACK OBAMA É UM FENÓMENO GLOBAL. FALA-SE DELE EM TODAS AS LÍNGUAS, EM TODOS OS PAÍSES. AQUI EM CABO VERDE TORNOU-SE USUAL VER-SE GENTE DE TODAS AS RAÇAS, DE CULTURAS DIFERENCIADAS, ORIUNDAS DE VÁRIOS PONTOS DO GLOBO, FALANDO DE OBAMA.
A EVENTUAL ELEIÇÃO DE OBAMA SERIA APENAS A CONSAGRAÇÃO DE UM POLÍTICO VERSÁTIL, UM COMUNICADOR EXÍMIO, UM VERDADEIRO SEDUTOR, NO SENTIDO MAIS AMPLO DO TERMO. E SERIA, TAMBÉM, UM SINAL DE QUE OS AMERICANOS RECONHECEM E SE ORGULHAM DA GÉNESE DA SUA NAÇÃO . SERIA UM PASSO DE GIGANTE NO SENTIDO DA REALIZAÇÃO DO SONHO DE MARTIN LUTHER KING.
MAS BARACK OBAMA, SENDO OU NÃO ELEITO, É JÁ UM SÍMBOLO DO PODER DA EDUCAÇÃO E UM SINAL FORTE PARA A JUVENTUDE NÃO CAUCASIANA.

A ÁFRICA LUSÓFONA FICOU ÓRFÃ DEPOIS DE PERDER OS SEUS LÍDERES HISTÓRICOS (CABRAL, NETO, MONDLANE E MACHEL). E ISSO UM POUCO EM CONSEQUÊNCIA DE ALGUMA RETICÊNCIA EM RELAÇÃO A KALUNGANO E ALGUNS OUTROS, POR CAUSA DA MISTURA DE RAÇAS QUE CORPORIZAM. A CONSAGRAÇÃO DE OBAMA, NUM AMBIENTE COMO O DOS ESTADOS UNIDOS, PODE CHAMAR TODA A ÁFRICA À RAZÃO, MORMENTE OS PAÍSES LUSÓFONOS, CUJA MAIOR RIQUEZA RESIDE NA MISTURA DE RAÇAS E NO ENCONTRO DE CULTURAS.
A CONSAGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO COMO A CHAVE QUE ABRE TODAS AS PORTAS (MESMO AS DA CASA BRANCA) SERIA A MAIOR LIÇÃO A TIRAR DA TRAJECTÓRIA DE OBAMA, SENDO OU NÃO ELEITO.

NÃO ACREDITO QUE MUDE MUITA COISA NA POLÍTICA DOS ESTADOS UNIDOS. PODERÁ SER UMA VITÓRIA DE BARACK OBAMA, MAS SERÁ UMA ADMINISTRAÇÃO DEMOCRATA. QUER ISSO DIZER QUE QUEM GOVERNARÁ, DE FACTO, SERÁ MENOS OBAMA E MAIS A OLIGARQUIA INSTALADA À VOLTA DO PARTIDO DEMOCRATA. POR MAIS PEQUENAS DOAÇÕES (DOAÇÕES DE CORAÇÃO) QUE A CANDIDATURA DE OBAMA TENHA RECEBIDO, O EFECTIVO FINANCIAMENTO DA CAMPANHA FOI FEITO PELOS PODEROSOS CAPITALISTAS. E ESTES, NÃO DÃO: OU EMPRESTAM OU INVESTEM. E ESTÁ PROVADO QUE AS DITAS DOAÇÕES PARA AS CAMPANHAS SÃO, NA VERDADE, INVESTIMENTOS DE CURTO PRAZO. AS FACTURAS COMEÇAM A SER APRESENTADAS NO DIA SEGUINTE À POSSE. E NÃO VEJO COMO OBAMA PODERÁ ESCAPAR À COBRANÇA.
POR AQUI JÁ CORREM NOTAS, PROVENIENTES DE CABO-VERDIANOS RESIDENTES NOS ESTADOS UNIDOS, DANDO CONTA DO QUASE CERTO AUMENTO DE IMPOSTOS PELA ADMINISTRAÇÃO DEMOCRATA. JÁ CORRE ALGUM DIZ-QUE-DIZ SOBRE ALGUMA PROPENSÃO DE OBAMA EM COLMATAR AS BRECHAS DO SEU DISCURSO COM INVERDADES. ESTÁ SENDO REPETIDO POR TODO O LADO AQUELA ESTÓRIA DO JORNALISTA QUE FICOU EXTASIADO COM UMA ENTREVISTA QUE FEZ A OBAMA, MAS NO TEXTO DA QUAL A MULHER DESCOBRIU UM SEM-FIM DE CONTRADIÇÕES. ENFIM, BARACK OBAMA É UM HOMEM COM UMA FORTE VOCAÇÃO SOCIAL, UM DISCURSO FORTE E SEDUTOR, MAS QUE NÃO TEM COMO SOBREPOR-SE AOS FINANCIADORES, ÀS LIDERANÇAS DO SEU PARTIDO E À PRÓPRIA POLÍTICA EXTERNA DOS USA (QUE FUNCIONA NO SENTIDO INDICADO PELOS INTERESSES DO CAPITALISMO INTERNACIONAL). ACREDITO, CONTUDO, QUE, NA PEQUENA MARGEM DE MANOBRA QUE PUDER CONQUISTAR, PODERÁ DAR UM TOQUE PESSOAL À POLÍTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS, AO MENOS NO QUE À ÁFRICA DIGA RESPEITO. NÃO TENHO A CERTEZA É SE AS EVENTUAIS MUDANÇAS ALCANÇARÃO A DIMENSÃO NECESSÁRIA.

ASSISTE-SE NOS ESTADOS UNIDOS, EM CABO VERDE E UM POR POUCO POR TODO O LADO, A UMA CONFLUÊNCIA DOS ADEPTOS DA MUDANÇA EM TORNO DAS PROPOSTAS DE OBAMA. A LEGIÃO DAS PESSOAS QUE CRÊEM QUE O MUNDO E A POLÍTICA PRECISAM PASSAR UM PROCESSO DE MUDANÇA QUE ABRACE VALORES HUMANISTAS ESTÃO ENTUSIASMADOS COM A FORTE PROBABILIDADE DE OBAMA VIR A OCUPAR O SALÃO OVAL DA CASA BRANCA. ACREDITAM PIAMENTE QUE SERÁ POSSÍVEL ULTRAPASSAR OS PONTOS FRACOS DO PARTIDO DEMOCRATA, CONTORNAR A PRESSÃO DOS «DOADORES» DE CAMPANHA E CONSEGUIR QUE AS COISAS MUDEM NOS USA, MORMENTE A POLÍTICA EXTERNA DE DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS.
MAS, A PAR DESTES, EXISTEM AQUELES QUE MANTÊM UMA FÉ INABALÁVEL NO PARTIDO REPUBLICANO (E NÃO SÃO POUCOS); HÁ AQUELES QUE, EMBORA ADMIREM OBAMA, DESCONFIAM DO PARTIDO DEMOCRATA (A EXPECTATIVA DO AUMENTO DOS IMPOSTOS PESA E MUITO); HÁ-OS QUE DUVIDAM DOS POLÍTICOS, SEJA DE QUE QUADRANTE POLÍTICO FOREM (POLÍTICO BOM É NA OPOSIÇÃO); HÁ QUEM TENHA FORTE RESISTÊNCIA AOS BONS COMUNICADORES COMO OBAMA (QUE CONSIDERAM VENDEDORES DE BANHA DE COBRA).
ENFIM, HÁ MUITA EUFORIA E ALGUM CEPTICISMO SE DIGLADIANDO À VOLTA DAS AMBIÇÕES DE BARACK OBAMA. EM MEU ENTENDER, E PELO QUE ME TEM SIDO DADO LER E OUVIR, O PESO DOS EUFÓRICOS PODE MUITO BEM SOBREPOR-SE AO DOS OBAMA-CÉPTICOS. MAS UMA COISA SÃO AS INTENÇÕES DE VOTO E A POPULARIDADE DE UM CANDIDATO; COISA DIFERENTE É A INTRODUÇÃO DO VOTO NA URNA. E É ISSO QUE CONTA.
BARACK OBAMA PRESIDENTE? FINE! MAS, ELEITO OU NÃO, VEREMOS NELE, SEMPRE, UM EXEMPLO DO PODER DA EDUCAÇÃO E DO EXERCÍCIO MILITANTE DA CIDADANIA.

Monday, October 20, 2008

REVOLUÇÃO, REFORMA OU… REENGENHARIA?

“Sobrepor uma nova organização a um processo antigo equivale a introduzir vinho azedo em novas garrafas.”

Michael Hammer e James Champy

Revolução é botar pra quebrar. É destruir para reconstruir a partir dos escombros. É romper definitivamente com o passado e começar tudo de novo, rumando em sentido oposto ao sistema de coisas vigente. É deitar fora o bebé com a água do banho. Aonde se vai parar? Resultados? SEMPRE muito aleatórios.
Reforma é a procura do novo ou de uma nova forma de ser, de estar, ou de se organizar, com valorização do que existe. Parte-se sempre de um bom conhecimento do que existe e de uma visão clara do que se quer, e consensualiza-se o caminho a trilhar para se atingir o desiderato. Há um ponto de partida, um ponto de chegada e um percurso, mais ou menos consensuais ou consensualizados.
Fazer Reengenharia significa abandonar velhos sistemas e começar de novo. Envolve o retorno ao princípio e a invenção de uma forma melhor de se trabalhar. As mudanças que se procuram são revolucionárias, mas a via não é a mera melhoria dos velhos processos, mas a sua substituição por processos inteiramente novos. A Reengenharia responde a esta questão que se nos põe amiúde: «Se se tivesse que recriar, hoje, a administração fiscal, dados os conhecimentos e a tecnologia actuais, qual seria o seu aspecto?»
Da perspectiva do projecto da nova orgânica do MF, parece que a Administração Fiscal (AF) nacional vive uma situação a que só a Revolução nela delineada pode dar algum jeito; da perspectiva da Unidade de Coordenação da Reforma do Estado (UCRE), pelo menos programaticamente, há uma situação que pode ser objecto de uma Reforma; numa perspectiva desassombrada, a situação da AF, pelos seus contornos, parece antes clamar por uma Reengenharia.
É que os problemas que a nossa Administração Fiscal (AF) e a nossa Administração Pública (AP) enfrentam, resultam menos da sua estrutura organizacional, do que da estrutura de seus processos. E têm razão Michael Hammer e James Champy quando dizem que sobrepor uma nova organização a um processo antigo equivale a introduzir vinho azedo em novas garrafas. Muda o continente, mas o conteúdo continua… azedo. Para desespero dos artífices de uma tal “reforma” e dos operacionais do sector.
Não sendo homem de ficar em cima do muro, contudo, neste particular - e estando numa posição que não está em sintonia com nenhuma das partes do “conflito” - prefiro manter-me equidistante das posições extremadas que vêm sendo traduzidas pelo «NINGUÉM GOSTOU» dos agentes do fisco e pelo «TODOS GOSTAM» do Governo (ou, pelo menos, da UCRE e da cúpula do MF). É que são afirmações extremamente perigosas, que não acautelam a particularidade de que cada pessoa tem uma maneira de perceber o que acontece à sua volta, mercê da educação, do ambiente e das experiências vivenciadas. E essa diferença de percepção é bem maior em termos organizacionais. As pessoas que pilotam o projecto percebem, vêm e sentem a mudança como coisa inatacável, porque estão ao leme, sabem o que se passa e contam com um resultado óptimo; a mesma mudança será percebida, vista e sentida de forma diversa por um operacional do sector objecto da intervenção. E é normal: aquele que operacionaliza o projecto tem uma relação com a mudança muito diferente de quem a projectou. Mormente quando aquele não foi envolvido por este na preparação da mudança.
Mas eu tenho ainda outras razões para não alinhar com nenhum dos lados. Isso porque o que está por detrás das posições extremadas não resulta apenas de percepções antagónicas: de um lado, há uma indisfarçável visão X (v.g. Douglas McGregor) em relação ao homem organizacional presente em, pelo menos, um dos sectores da AF, a qual acaba empurrando para uma reestruturação orgânica, sob o pretexto de adequação ao Modelo de Negócios do MF; do outro, uma, também pouco ou nada indisfarçável, preocupação com a manutenção do status quo, por razões não tão altruístas como se pretende fazer crer.
No rescaldo da XXIII CONFERÊNCIA DE DIRECTORES-GERAIS DAS ALFÂNDEGAS DA CPLP ousaria sugerir, para fim de papo, a adopção de uma solução à portuguesa - DGA + DGI, sob a coordenação de um Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (no nosso caso, um Director Nacional da Administração Fiscal, poderia dar satisfação aos reformadores); ou uma saída à moçambicana – uma Autoridade Tributária Nacional superintendendo a DGA, a DGI e uma Direcção-Geral dos Assuntos Comuns (com uma unidade de Assuntos Internos, como no país amigo do Indico).
E, claro, que não se adie o que faz VERDADEIRAMENTE falta: uma Reengenharia dos Processos da Administração Fiscal, essa sim capaz de proporcionar um salto quântico de desempenho, com melhorias de 100%, ou mesmo 1000%, como resultado de uma aposta em processos e estruturas de trabalho inteiramente novos.

Wednesday, October 1, 2008

MARRONZINHOS

No princípio da década de 90 do século passado, a cidade de São Paulo vivia o que se poderia caracterizar como o caos no trânsito. Não tinha tanto a ver com a ciculação, mas, e principalmente, com a questão do estacionamento. Todo mundo estacionava onde lhe dava na veneta. Corriam o risco de apanhar uma pesada coima por estacionamento irregular? Corriam, claro. Mas qual o grau de probabilidade de um condutor, em 11 milhões, ser "caçado" em infracção ao Código de Estrada?
Os condutores apostavam nesse endiabrado jogo de probabilidades e acabavam quase sempre ganhando.
Segundo JC, e seus seguidores, não sendo possível ter um agente em cada esquina... é ajoelhar e encomendar o futuro a Deus.
Deus já dissera (e acredito que JC, neste particular, comungue com o pai) PONHA A MÃO QUE EU TE AJUDAREI. Mas por aqui, os discípulos de JC, com LL à cabeça, entendem que DEUS TÂ RESOLVÊ, e ficam-se na deles, esquecendo-se que o outro JC (que é Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo) ensinara já, há dois mil anos atrás, que «NÃO TENTARÁS O SENHOR TEU DEUS».
Assim como assim, as autoridades paulistanas lançaram mão da sua criatividade e inventaram os MARRONZINHOS.
Os MARRONZINHOS vêm a ser um grupo de jovens recrutados e treinados pela Secretaria de Engenharia do Trânsito da Prefeitura Municipal de São Paulo para auxiliarem a polícia no controlo do trânsito em São Paulo (Capital), maximé dos estacionamentos. Treinaram-nos, vestiram-nos de calções e jaleco em marron e camisetas em amarelo torrado e lançaram-nos nas ruas de uma das maiores metrópoles do Mundo.
Deu logo certo? Certamente que não. Foi difícil para os condutores entenderem que deviam respeito a esses jovens; foi complicado para os policiais militares aceitarem a ajuda desses «meninos»; a opinião pública dividiu-se diante da nova realidade surgida com os MARRONZINHOS (que é como ficaram a ser conhecidos, em razão do modelito em marron que envergavam). Mas, volvidos pouco mais do que década e meia sobre a "aterragem" dos marronzinhos em São Paulo, se a situação do trânsito (e dos estacionamentos) não é aí nenhuma BRASTEMP, ela está, sem dúvida, de longe, muito melhor do que antes. Pode-se falar, com propriedade, de um ANTES e de um DEPOIS dos MARRONZINHOS. Eles contam! Eles interferiram com a balbúrdia! Hoje a polícia de São Paulo não se imagina a controlar a cidade sem eles, os marronzinhos.
Em Sampa, o pessoal teve imaginação, ousou e fez acontecer.
Por aqui, o que nos faz falta é imaginação (e alguma inteligência, claro). E começar a acreditar em Deus: ponham as mãos que ELE nos ajudará. Que essa de esperar que as coisas se resolvam de per si, ou que Liedson resolva, acabou. C'est fini! Kaput!