Friday, November 28, 2008

PRAIA: SOLUÇÃO E… SOLUÇÕES

“Resultados? Mas é claro que eu já consegui um monte de resultados! Hoje sei de mil coisas que não funcionam.”

Thomas A. Edison

Há Solução e… soluções. Conhecem aquela do fulano que, num acto de desespero, tragou uma medida de Solução para Bateria (H2SO4) e que, diante de morte iminente, rogou ao médico que não medisse esforços para o salvar.
- Senhor Doutor, arranje uma solução para o meu caso. Por favor – teria clamado.
- Não tenho solução nenhuma para o seu caso. A Solução que havia, o senhor bebeu-a toda.
Humor negro. Mas o cabo-verdiano, qual Poliana, consegue descobrir uma faceta lúdica, mesmo na desgraça. Própria ou alheia.
Ocorreu-me este trocadilho a propósito das soluções que o edil José ULISSES tem vindo a construir para a Cidade da Praia.
Começou com uma novidade: A AUDIÊNCIA TÉCNICA SOBRE O SANEAMENTO. Ponto para a Cidade. Ponto para ele. Há quem diga que os problemas da Praia há muito que estão identificados e que o que importa é a SOLUÇÃO para os mesmos. Importava, neste particular, não esquecer que pode acontecer um resfriado se transformar numa mortal pneumonia dupla. O que se atacaria no caso: o resfriado ou a pneumonia? Por isso, não pode ser considerado como tempo perdido o tempo que se leva na reavaliação do «doente». Pode conter uma SOLUÇÃO.
A segunda novidade teve a ver com a deslocação ao Norte de Portugal para assistir a uma corrida de aeronaves. Não sei que diga. Mas a verdade é que enquanto prioridade deixa muito a desejar. Seguramente não tinha no seu bojo nenhuma SOLUÇÃO para os ingentes problemas da cidade.
A terceira (se não considerarmos os diz-que-diz politiqueiros sobre o recrutamento de aficcionados e a dispensa de desafectos políticos, um fait-divers presente em todo o território nacional) terá sido a aquisição do TOYOTA LAND-CRUISER V8. A polémica que se seguiu à aquisição da viatura do Presidente não deixou claro se se era contra a aquisição de uma tal viatura por causa do preço ou se por causa do momento. Se toda a celeuma foi apenas por causa do preço, houve um exagero sem tamanho. Porque é que o presidente da Câmara Municipal da Praia (sem dúvida a mais importante do nosso universo autárquico) não pode ter um carro como o do Presidente da Câmara Municipal da Boavista, por exemplo? É certo que é um carro cujo preço andará à volta dos 7.000 contos (mais coisa, menos coisa), mas se o Tesouro assegura 75% do preço (em impostos e taxas), 4.250 contos não é nenhum desembolso por aí além, para um carro com uma garantia de, pelo menos, 04 anos? Compreenderia melhor se se questionasse a prioridade conferida à aquisição, mormente tendo em conta que o ST – 53- CJ é um tremendo de um VX da TOYOTA PRADO, que dava ainda p’ro gasto e que a situação financeira da edilidade, dizia-se, ser pouco menos que caótica. E resmungaria, principalmente, por saber que o V8 não foi a única aquisição automotora de luxo feito na ocasião. Será uma SOLUÇÃO para a mobilidade do Executivo municipal ou para um ego desmedido? Bem… de todo o modo, é um património (que pode ser utilizado, alienado, permutado, etc., a todo o tempo).
A quarta conquista tem a ver com a recuperação dos espaços dotacionais da Cidadela. Amplos espaços destinados à implantação de equipamentos sociais urbanos para servir o novo bairro, a maior parte deles não infra-estruturados (por exemplo, sei de fonte segura que pelo espaço que estava destinado ao campo de futebol não passava nem a rede de água, nem a de electricidade, mormente a de esgoto). Como se desenrascaria quem construísse em um dos lotes do espaço? Aí, tem de se bater palmas ao nosso síndico. Contém, sem dúvida, uma SOLUÇÃO (respeito pelos espaços dotacionais, exercício da autoridade).
A quinta grande medida pública tem a ver com o anúncio do RETORNO À NORMALIDADE NA RUA 5 DE JULHO E RESPECTIVAS PERPENDICULARES. Se se concretizar é ponto marcado junto de toda a população (velhos e moços). Exercício de autoridade, respeito pelo cidadão, sua saúde e tranquilidade, reconfiguração (início) das funções do Plateau. Sem dúvida uma SOLUÇÃO para um problema que já está ganhando barbas. Mas… concretizar-se-á? Vai o Presidente até ao fim? É a prova de fogo de José ULISSES. A ver vamos.
A sexta medida tem a ver com a ideia de um Terminal Rodoviário, Interurbano, de Transportes de Passageiros. A ideia é boa, mas não boto muita fé em um terminal rodoviário de transportes interurbanos localizado no coração da cidade. Um terminal rodoviário de transportes Interurbanos de Passageiros deve se localizar no limite (à entrada) da cidade. Os veículos de transporte interurbano deixam aí os seus passageiros, os quais serão transportados ao centro da cidade em veículos (autorizados) de transportes urbanos de passageiros. E nós até temos uma vantagem, rara noutras paragens: as nossas viaturas de transporte interurbano são menores que as de transporte urbano (um autocarro da Moura absorve os passageiros de dois ou três HIACES), o que garante que não haveria congestionamento do terminal. A localização na Achada São Filipe, por exemplo, facilitaria a vida aos fiscais rodoviários. Qualquer HIACE encontrado Achada São Filipe abaixo com passageiros poderia ser autuado sem rebuço. A presunção de que estaria em infracção resultaria do facto de os HIACES não estarem habilitados para o transporte urbano de passageiros. E não haveria grande problema em identificar um privado para uma PPP (Parceria Público-Privado): os espaços comerciais dos terminais rodoviários de passageiros valem oiro e são disputados à tapa em quase todas as latitudes. A MOURA COMPANY não se disponibilizaria?
Na zona que defendemos para a localização do terminal Rodoviário de Transportes Interurbanos de Passageiros já existem o MERCADO ABATECEDOR, o MATADOURO MUNICIPAL, um POSTO DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS. Isso permitiria que se poderia ir ainda um pouco mais longe na organização da cidade: a par do terminal de passageiros, e na envolvente do MERCADO ABASTECEDOR, poderá ser instalado um terminal de carga. Os fornecedores grossistas descarregam no terminal, expõem e vendem no MERCADO ABASTECEDOR; os açougueiros descarregariam o gado directamente para o MATADOURO; os retalhistas adquirem no MERCADO ABASTECEDOR para oferecerem nos mercados (municipais e não só) da cidade. Seria a completa liberação das “margens” do Mercado do Plateau para outros fins: kyosques, expositores de flores e plantas ornamentais, gifts, postais, selos, etc.. Saber que a edilidade reconhece o papel de um terminal rodoviário de transportes interurbanos de passageiros na organização do tráfego urbano e de toda a cidade, já é um PONTO a favor. Agora SOLUÇÃO mesmo, seria dar-lhe uma localização estratégica.
Medida não anunciada (se anunciada seria a sétima) tem a ver com a reanimação dos SEMÁFOROS. Fiquei sumamente contente, feliz mesmo, quando vi, no último fim-de-semana, uma equipa internacional (uns europeus e alguns africanos) pintando e parecendo recuperar os postes que sustentam os semáforos da cidade. No primeiro encontro com o Presidente José ULISSES, pouco depois da posse, disse-lhe uma coisa que já dissera vezes sem conta ao seu predecessor: «SEI DE CIDADES QUE NÃO TÊM SEMÁFOROS; MAS NÃO SEI DE NENHUMA QUE JÁ TEVE E DEIXOU DE TER». E a minha cidade não quer se notabilizar pela negativa.
O momento é o ideal. A Capital clama por regulação automatizada do trânsito nos cruzamentos. Os semáforos seriam, por isso, bem vindos. E creio que cobririam eventuais deficits do executivo, derivados dos affaires «Corrida de Aeronaves» e «Aquisição do V8».
Negativo, negativo mesmo, só essa falta de capacidade de influenciação em relação ao programa de execução do Projecto «VIAS DA CIDADE DA PRAIA». É inadmissível que, quase um ano sobre o início dos trabalhos, o PLATEAU continue com o aspecto relaxado de um desengonçado canteiro de obras adiadas. A edilidade não pode ficar de fora da programação de obras tão importantes. Não pode calar-se, nem deixar que a calem. Que política é isso mesmo, Presidente: ADMINISTRAR RELAÇÕES DE PODER E CONQUISTAR ESPAÇOS DECISÓRIOS
A Praia tem solução, sim senhora. A questão é que ela não está à superfície. É preciso escavar (como quem escava um poço artesiano), localizá-la e bombeá-la, para resolver os problemas da cidade, de seus habitantes e de seus visitantes. Ainda que se tenha que chatear uns tantos.

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