Wednesday, April 30, 2008

PRAIA, A CAPITAL DO EMPREENDEDORISMO

“Você e só você tem o poder de determinar o destino de cada nota de dólar que chega às suas mãos: gaste-a tolamente, escolheu ser pobre; gaste-a com passivos, fará parte da classe média; invista-a na sua mente e aprenda a adquirir activos e estará a escolher a riqueza como o seu objectivo e o seu futuro. A escolha é apenas sua”

Robert Kiyosaki e Sharon Lechter
Happy birthday to you, Praia de Santa Maria da Vitória. Com 150 anos de antiguidade na categoria, a cidade da Praia (Capital política da República de Cabo Verde) parece decidida a não deixar os seus créditos por mãos alheias: é também, indubitavelmente, a capital económica do Arquipélago.
Decidido a comemorar o dia 29 de Abril de uma forma especial - e chegada a hora de ajustar o nó da gravata para me dirigir à Assembleia Nacional para participar da sessão solene - soube como dar corpo à minha ideia: iria percorrer os bairros da capital, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, do mar à serra.
A seriedade de propósitos do empresariado local, e dos seus empregados, chamou-me logo a atenção: apesar da tolerância de ponto concedido pelo Governo (o que noutros tempos dava sempre azo a pequenos arranca-rabos entre patrões e empregados) era visível a boa disposição dos empregados do atendimento e o afinco com que os empresários catalogavam papéis, alinhavam dossiers, atendiam fornecedores e despachavam clientes.
No novíssimo bairro da «Cidadela», a vida pulsava. Arruamentos sendo recuperados, vivendas nascentes, na fase intermédia e em acabamento. Cada uma mais bonita que a outra. Todas denotando uma certa personalidade, a nova marca da cidade. «Cidadela» é, nos dias que correm, um local de visita obrigatória.
Circulando pela «Cidadela», constata-se no rosto dos empreendedores a felicidade de quem conquistou um lugar ao Sol, ali onde sempre sonhou viver. E, de repente, dei-me conta que já estava na avenida principal do Palmarejo, uma das muitas cidades dentro da cidade da Praia. Tranquila a transição de uma urbanização para outra.
É sempre com prazer que percorro a avenida central do Palmarejo, do Sul para o Norte. Os néons identificando empresas de distribuição, de prestação de serviço, de restauração, de diversão, serviços públicos. O jornal «A SEMANA», o Instituto de Estradas, clínicas, farmácia, enfim, encontra-se tudo de que se precisa.
Nas duas rampas (a que dá acesso ao vale que separa Tira-Chapéu do Palmarejo e a, gêmea, que do vale nos conduz à estrada que liga a Cidade Velha à Praia) outra sucessão de estabelecimentos, todos ostentando sinais de franco progresso. O restaurante «A CASCATA», com a sua ousada fachada, a VAS CABO VERDE, distribuidora de Volkswagens, Audis e Skoda (e agora também de Mitsubishs), O Hipercompra, a Poupança, a REDE RECORD de televisão, a drogaria de TOTTY CÓIA, a COFRICAVE, enfim, a maior concentração de empresas por metro quadrado de Cabo Verde, e todas viradas para a disponibilização de soluções para os exigentes praienses do século XXI.
Chegada à estrada do eixo Cidade da Ribeira Grande de Santiago/Cidade da Praia, topa-se logo com o complexo comercial BRAZ DE ANDRADE, um mundo de modernidade, de ideias com gosto para compras felizes. Aliás, todo o segmento, desde as duas estações de serviço (gêmeas) da SHELL Cabo Verde até à fábrica de Betões da «Carlos Veiga, Lda.», respira-se empreendedorismo: as soluções em duralumínio e vidro oferecidas por Daniel «Padeiro» Santos, a «Cimentos de Cabo Verde», o colégio «A TURMINHA», a BOSSA NOVA, a ENAVI, as imponentes instalações da «Betões de Cabo Verde» (uma ideia genial, pela qual dão a cara os manos Carlitos e Zé Tomás), etc. Até chegar ao cruzamento com a Circular da Praia, passa-se pelo campus da Universidade Jean Piaget e delicia-se a vista com as belíssimas instalações do «Centro Educativo Miraflores» (onde as crianças entram pelo pré-escolar e podem ficar até completar o 12º ano, tendo sempre no horizonte um estabelecimento de ensino superior, no caso, a UniPiaget).
Ao longo da circular, são francamente visíveis as «sementes» das infra-estruturas e equipamentos previstos no PDM do município da Praia. E pode-se antecipar a escalada de preços no que a terrenos para a construção diz respeito.
Em Trindade, quase chorei. Está em decomposição o parque (que era equipada com mesas e assentos em concreto) onde as famílias levavam os filhos para ter os primeiros contactos com a Natureza e desapareceu a ponte que a ele dava acesso. Tive que me contentar com contemplar tudo de longe, a partir do estacionamento da «ÁGUAS DE CABO VERDE», a empresa que comercializa a já famosa água «TRINDADE».
Parei um pouco perto do Aeroporto Da Praia para assistir à aterragem do Boeing 737 (o «nosso»). Deu para ver que, por essas bandas, há alguns déficits a regularizar: falta um «taxi-way» (o aparelho que aterra é obrigado a dar volta, e demandar o estacionamento, pela mesma pista onde aterrou); faltarão uns 400 metros de pista; mais espaço para estacionamento de viaturas Sala VIP. E (porque não?!) mudar o visual de tenda de acampamento das Mil e Uma Noites. Diz quem sabe que a adopção do ILS como instrumento de aproximação de voo é outra prioridade.
Na Achada Grande frente a azáfama, novamente. Compra-se e vende-se de um tudo. A grosso e a retalho. Móveis, automóveis, material de construção, electrodomésticos.
Na Achada Grande trás chama-nos a atenção um negócio que só floresce em cidades poderosas: TOYOTAS, FORDS (Ah! o novo MONDEO, wonderfull!!), DAIHATSUS… O «SHOW ROOM» da MENO SOARES (uma nova filosofia de exposição de soluções); a Trading ADEGA, SA (a maior superfície privada de armazenagem de Cabo Verde, e onde se pode deliciar um lay-out ousadíssimo e uma exposição de produtos que é um verdadeiro colírio para os olhos e que plasma o nível de organização que vai pela mente de Carlos Tavares Moreira de Almeida).
O porto. Fica-se apreensivo diante da quantidade de viaturas por despachar: se o parque automóvel da cidade já é uma coisa monstra, como é que a nossa rede viária poderá suportar o incremento que os depósitos do porto da Praia prometem?
A gare marítima, pelo contrário, parece sub-dimensionada. É uma pena que uma decisão dessas tivesse sido tomada fora de portas. Enfim… ainda não se tem tudo. Algumas coisas, muitas decisões, infelizmente, ainda passam pelo crivo de pessoas que mantêm uma relação muito difícil com a Cidade da Praia.
Em Lém Ferreira, paredes-meias com os depósitos da Adega ROMARIGO, aí ao lado da Serração dos Herdeiros de Manuel Olímpio Lopes e da COFRICAVE, uma novidade: um empreendedor chinês tem em funcionamento ininterrupto uma estação de lavagem automática de veículos. Por um preço para lá de módico, 300$00 por unidade, lava-se o receptáculo do motor da viatura, o exterior da mesma, sendo o interior limpo, a seco. Entre descobrir a água do lençol que era acedida pela «Fonte do Cirilo» e extrapolar para a exploração do serviço de lavagem de viaturas, foi um piscar de olhos. Empreendedor funciona assim.
Para terminar o «tour», uma saltada até ao Supermercado «CALÚ & ÂNGELA» para aquisição de reforços para a despensa. Vã tentativa. Os estacionamentos faziam prever, pelo menos, centena e meia de compradores, a crer no número de viaturas estacionadas (à condição de um passageiro por viatura). Ledo engano. Lá dentro pontificava muito mais gente. As 12 caixas tinham filas com alguns respeitáveis metros. Desisti. Com pena. Mas, felizmente, Praia, a mãezona, oferece outras alternativas: Supermercados FELICIDADE (no Plateau e na Achada de Santo António); Palácio Fenícia; Poupança, Supercompra, MATILDE (na Vila Nova), etc., só para falar das maiores superfícies.
No regresso à casa, já a pé, e parando para trocar dois dedos de prosa no areópago da Praça da Universidade de Cabo Verde, sou assolado pela sensação de estar em Trocadero (Paris). Fecho os olhos e saboreio a babel de línguas que se conjugam na Esplanada do «Cyber-café Sofia»: alemão, inglês, francês, português, brasileiro, cabo-verdiano, castelhano, italiano e algumas outras que não consigo identificar, mas que soam a Europa de Leste.
Foi um autêntico banho de Praia. Uma excelente maneira de comemorar o aniversário (redondo) da ascensão da urbe à categoria de cidade. Uma revigorante forma de energização para continuar as lutas para que a cidade que me viu nascer receba tudo a que tem direito. Afinal, ela dá-se toda para todos!
A Cidade da Praia vai querer que, nos próximos 10/12 meses, mais do que comemorações, volte a ter Iluminação Pública em todos os bairros que a integram; que o mercado do Plateau seja deslocalizado para a confluência Paiol/Fazenda/Lém Cachorro; que a ribeira de Lém Ferreira deixe de ter aquele aspecto de cloaca e passe a oferecer um novo «look» para os turistas de cruzeiro que visitam a cidade; que venha o calçadão, DE FACTO; que a conexão entre os bairros seja substancialmente melhorada; que a questão do saneamento do meio continue a melhorar, e que chegue o esperado aterro sanitário; que o distrito financeiro não nasça coxo; que os rochedos que infestam o «piscinão» de Quebra Canela sejam removidos; que a estrada que liga a UniPiaget ao Centro Educativo Miraflores seja integrada, em processo de urgência, no projecto «Asfaltagem das Vias da Praia»; que ganhe corpo uma ampla parceria (proprietários, governo, poder local, empresariado local, Ordem dos Arquitectos, Ordem dos Engenheiros e outras ONGs) para levar de vencida o cinzentismo de alguns bairros periféricos, em flagrante contradição com o fulgor económico da cidade. Um governo ousado, com um bom programa para os próximos 04 anos; e um «djunta-mon» liderado pela «ÁGUAS DE CABO VERDE» (e envolvendo a Câmara Municipal e o Governo da República), para a recuperação do parque de piqueniques da Trindade e para a reconstrução da ponte caída; são duas prendas que, garanto, os praienses agradeceriam efusivamente.
Tenho dúvidas é se Ela ainda estará interessada no Estatuto Especial. Em relação à «Ladêra Sampadjudo», sou eu que já não me sinto à vontade para tocar no assunto, só esperando que o descaso das autoridades, neste particular, não venha colocar uma tarja negra no panorama risonho desta acolhedora, vigorosa e empreendedora cidade.
Longa vida à Cidade da Praia. Sucessos para os seus empreendedores. Progresso e bem-estar para as suas gentes.

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