Friday, April 15, 2011

OS JOVENS ESCOLHEM DEUS

“A confiança é um valor que precisa ser resgatado. É que não há estabilidade duradoira, não há suficiente engajamento da sociedade civil, nada está garantido, quando falta confiança.”

ADRIANO MOREIRA

Em todas as sociedades humanas coexistem heróis e vilãos. Cabe aos educadores (pais, professores, tutores, líderes, chefes) identificarem uns e outros e apontarem aos espíritos em formação (estudantes e trabalhadores, jovens e menos jovens) os heróis, que é como quem diz, as referências a ter no seu processo de desenvolvimento pessoal, profissional e social. Poder-se-á justificar o desnorte e os problemas de engajamento da juventude com a ausência de firmes referências nacionais? Porque, se excepcionarmos Cabral, sobra muito pouco ou mesmo nada? E poder-se-á assumir um tal quadro como uma fatalidade? Não haverá nada a fazer? Acredito que a sociedade cabo-verdiana não tenha produzido heróis em quantidade e qualidade suficientes para emular a nossa juventude, servir-lhes de referência nas opções de vida e de farol nas encruzilhadas da vida. Mas isso não pode servir de desculpa aos educadores: QUANDO INEXISTE UM BOM EXEMPLO A SER SEGUIDO, SEMPRE SE PODE IDENTIFICAR E APONTAR O «MAU EXEMPLO» A SER ESCONJURADO. Não seria tão positivo como seria de desejar, nem ofereceria caminhos a singrar, mas seria, ainda assim, uma boa maneira de ficar sabendo o que não deve ser feito, o que é condenável e condenado, a partir de exemplos que não devem ser seguidos. Diria, com Wilson Sanches, NÃO EXISTE UM HOMEM TOTALMENTE INÚTIL; EM ÚLTIMO CASO, SERVE COMO MAU EXEMPLO. Se não há heróis a emular, sempre temos «maus exemplos» a não seguir. Mas isso seria solução de último recurso. Porque antes de ter heróis, t(iv)emos Deus: um ser espiritual e infinitamente bom. Omnipotente e omnipresente, por quem todas as coisas foram feitas. Segundo a Sagrada Escritura, nós próprios fomos criados por Ele (à sua imagem e semelhança). Mesmo que não se subscreva integralmente o que se nos ensina na catequese, ainda que se acredite nas teses evolucionistas, ainda assim, resta a certeza de um ente regulador, imparcial, super-protector, sem contudo se imiscuir no nosso livre arbítrio. Porque não escolhê-lo como guia, referência e refúgio quando confrontados com situações adversas da vida? Porque os educadores não O apontam aos jovens como âncora? Na década de 60, dos anos 1900, a Igreja Católica apostou forte em um amplo movimento juvenil sob o slogan OS JOVENS ESCOLHEM DEUS. Pelo menos em Cabo Verde, nunca mais se viu nada parecido: uma ampla movimentação de jovens vestidos de azul e branco (calças e saias em azul marinho e camisas e blusas em branco) assumindo Deus como ponto de partida, companheiro de jornada e ponto de chegada, das suas buscas pessoais. O engajamento dos jovens e educadores, sacerdotes e leigos, era tão grande, que nem o falecimento de sua Santidade o Papa João XXIII, ocorrido por alturas do culminar dos eventos, fez suspender o programa. Estudantes do Seminário de S. José e do Liceu Nacional de Adriano Moreira. Das diversas associações juvenis da Acção Católica (JAC e JEC). De jovens que, embora não estivessem engajados com nenhuma associação juvenil, aderiram, ainda assim, ao movimento e passaram a integrar as organizações preexistentes. Eu próprio - ainda menino de calções, sem idade, portanto, para integrar o movimento - consegui que minha mãe me arranjasse umas calças compridas em azul escuro e uma camisa branca e, pasmem-se!, participei do último desfile. Foi o máximo! Os dias que correm, com a nossa jovem democracia estacada perante uma encruzilhada, com os nossos dirigentes políticos persistindo em dar ora no cravo, ora na ferradura, parecem-me ser o momento azado para que a nossa juventude abrace Deus (o ente regulador da vida no Universo e sempre pronto a premiar o bem que se faz, não importa a quem). Ousaria sugerir aos Bispos (D. Arlindo Furtado e D. Ildo Fortes), ao Superintendente da Igreja do Nazareno, à hierarquia superior das demais Igrejas Cristãs, aos professores e educadores cristãos (associados ou não) uma entente virada para pôr na estrada um amplo movimento de jovens em busca do Deus dos nossos pais e avós. Que OS JOVENS ESCOLHAM DEUS, o alfa e o ômega, o princípio e o fim, a Verdade e a Vida, o Tal que garante que quem n’Ele crê não perece, antes ganha direito à vida eterna. Uma pastoral das duas Dioceses nacionais; uma Declaração/Conclamação das Igrejas Cristãs de Cabo Verde; uma actuação dos Professores Cristãos, suportada pelas Igrejas e pelos poderes públicos (a laicidade do Estado não pode servir de desculpas para a não participação); o importante é focalizar os jovens para uma opção de vida que sempre esteve disponível e que por razões que a própria razão desconhece não é apontada aos jovens com a necessária convicção. Com tantos movimentos por aí, com as redes sociais e meios de comunicação como nunca se teve, porque não catalisar a curiosidade dos jovens para a busca de Deus? Ainda que cada jovem venha a descobrir o «seu» Deus particular e Este venha a ser diferente do Deus dos catequistas, ainda assim, valerá a pena. O Movimento em si; o espírito de grupo; o guia espiritual (necessariamente bom e justo); o culto da verdade e das virtudes; o repúdio dos vícios e da mentira; a consciência de algo universal e intangível, mas, ainda assim, poderoso; a noção de prémio e castigo, com base em regras claras; a forte possibilidade de vida em dimensões ainda por desvendar; enfim, o aprendizado que se consegue com uma experiência dessas justifica todos os investimentos que se mostrarem necessários. Aliás, o equilíbrio da nossa juventude (mens sana, in corpore sano, a máxima de Juvenal) não tem preço. Por isso, meu Bispo, abrace esta ideia. JOVENS, ESCOLHAM DEUS! Garanto-vos que uma tal opção não envolve o risco de se verem discriminados em peixe-fresco/peixe-podre, filhos-de-dentro/filhos-de-fora, macaronésios/africanos, ou confrontados com as truculências, os excessos e as decepções, com que os nossos dirigentes políticos nos brindam amiúde. É uma opção de vida em que a nossa confiança não é nunca, jamais e em tempo algum, traída e que vale a pena experimentar. Em todas as sociedades humanas coexistem heróis e vilãos. Cabe aos educadores (pais, professores, tutores, líderes, chefes) identificarem uns e outros e apontarem aos espíritos em formação (estudantes e trabalhadores, jovens e menos jovens) os heróis, que é como quem diz, as referências a ter no seu processo de desenvolvimento pessoal, profissional e social. Poder-se-á justificar o desnorte e os problemas de engajamento da juventude com a ausência de firmes referências nacionais? Porque, se excepcionarmos Cabral, sobra muito pouco ou mesmo nada? E poder-se-á assumir um tal quadro como uma fatalidade? Não haverá nada a fazer?

Acredito que a sociedade cabo-verdiana não tenha produzido heróis em quantidade e qualidade suficientes para emular a nossa juventude, servir-lhes de referência nas opções de vida e de farol nas encruzilhadas da vida. Mas isso não pode servir de desculpa aos educadores: QUANDO INEXISTE UM BOM EXEMPLO A SER SEGUIDO, SEMPRE SE PODE IDENTIFICAR E APONTAR O «MAU EXEMPLO» A SER ESCONJURADO. Não seria tão positivo como seria de desejar, nem ofereceria caminhos a singrar, mas seria, ainda assim, uma boa maneira de ficar sabendo o que não deve ser feito, o que é condenável e condenado, a partir de exemplos que não devem ser seguidos. Diria, com Wilson Sanches, NÃO EXISTE UM HOMEM TOTALMENTE INÚTIL; EM ÚLTIMO CASO, SERVE COMO MAU EXEMPLO.

Se não há heróis a emular, sempre temos «maus exemplos» a não seguir. Mas isso seria solução de último recurso. Porque antes de ter heróis, t(iv)emos Deus: um ser espiritual e infinitamente bom. Omnipotente e omnipresente, por quem todas as coisas foram feitas. Segundo a Sagrada Escritura, nós próprios fomos criados por Ele (à sua imagem e semelhança). Mesmo que não se subscreva integralmente o que se nos ensina na catequese, ainda que se acredite nas teses evolucionistas, ainda assim, resta a certeza de um ente regulador, imparcial, super-protector, sem contudo se imiscuir no nosso livre arbítrio. Porque não escolhê-lo como guia, referência e refúgio quando confrontados com situações adversas da vida? Porque os educadores não O apontam aos jovens como âncora?

Na década de 60, dos anos 1900, a Igreja Católica apostou forte em um amplo movimento juvenil sob o slogan OS JOVENS ESCOLHEM DEUS. Pelo menos em Cabo Verde, nunca mais se viu nada parecido: uma ampla movimentação de jovens vestidos de azul e branco (calças e saias em azul marinho e camisas e blusas em branco) assumindo Deus como ponto de partida, companheiro de jornada e ponto de chegada, das suas buscas pessoais. O engajamento dos jovens e educadores, sacerdotes e leigos, era tão grande, que nem o falecimento de sua Santidade o Papa João XXIII, ocorrido por alturas do culminar dos eventos, fez suspender o programa. Estudantes do Seminário de S. José e do Liceu Nacional de Adriano Moreira. Das diversas associações juvenis da Acção Católica (JAC e JEC). De jovens que, embora não estivessem engajados com nenhuma associação juvenil, aderiram, ainda assim, ao movimento e passaram a integrar as organizações preexistentes. Eu próprio - ainda menino de calções, sem idade, portanto, para integrar o movimento - consegui que minha mãe me arranjasse umas calças compridas em azul escuro e uma camisa branca e, pasmem-se!, participei do último desfile. Foi o máximo!

Os dias que correm, com a nossa jovem democracia estacada perante uma encruzilhada, com os nossos dirigentes políticos persistindo em dar ora no cravo, ora na ferradura, parecem-me ser o momento azado para que a nossa juventude abrace Deus (o ente regulador da vida no Universo e sempre pronto a premiar o bem que se faz, não importa a quem). Ousaria sugerir aos Bispos (D. Arlindo Furtado e D. Ildo Fortes), ao Superintendente da Igreja do Nazareno, à hierarquia superior das demais Igrejas Cristãs, aos professores e educadores cristãos (associados ou não) uma entente virada para pôr na estrada um amplo movimento de jovens em busca do Deus dos nossos pais e avós. Que OS JOVENS ESCOLHAM DEUS, o alfa e o ômega, o princípio e o fim, a Verdade e a Vida, o Tal que garante que quem n’Ele crê não perece, antes ganha direito à vida eterna. Uma pastoral das duas Dioceses nacionais; uma Declaração/Conclamação das Igrejas Cristãs de Cabo Verde; uma actuação dos Professores Cristãos, suportada pelas Igrejas e pelos poderes públicos (a laicidade do Estado não pode servir de desculpas para a não participação); o importante é focalizar os jovens para uma opção de vida que sempre esteve disponível e que por razões que a própria razão desconhece não é apontada aos jovens com a necessária convicção.

Com tantos movimentos por aí, com as redes sociais e meios de comunicação como nunca se teve, porque não catalisar a curiosidade dos jovens para a busca de Deus? Ainda que cada jovem venha a descobrir o «seu» Deus particular e Este venha a ser diferente do Deus dos catequistas, ainda assim, valerá a pena. O Movimento em si; o espírito de grupo; o guia espiritual (necessariamente bom e justo); o culto da verdade e das virtudes; o repúdio dos vícios e da mentira; a consciência de algo universal e intangível, mas, ainda assim, poderoso; a noção de prémio e castigo, com base em regras claras; a forte possibilidade de vida em dimensões ainda por desvendar; enfim, o aprendizado que se consegue com uma experiência dessas justifica todos os investimentos que se mostrarem necessários. Aliás, o equilíbrio da nossa juventude (mens sana, in corpore sano, a máxima de Juvenal) não tem preço. Por isso, meu Bispo, abrace esta ideia.

JOVENS, ESCOLHAM DEUS!

Garanto-vos que uma tal opção não envolve o risco de se verem discriminados em peixe-fresco/peixe-podre, filhos-de-dentro/filhos-de-fora, macaronésios/africanos, ou confrontados com as truculências, os excessos e as decepções, com que os nossos dirigentes políticos nos brindam amiúde. É uma opção de vida em que a nossa confiança não é nunca, jamais e em tempo algum, traída e que vale a pena experimentar.

1 comment:

Unknown said...

Sr. Ludgero meus parabéns, mais uma vez, por este artigo excelente. De facto os jovens cabo-verdianos não têm tidos heróis e bons exemplos a seguir. Como jovem concordo plenamente consigo quando sugere que encontremos e sigamos Deus. Infelizmente, a familia, a escola e os educadores não têm sabido passar isso aos jovens. Isso de uma certa forma tem contribuido para um vazio na vida dos nossos jovens em termos de ideias e principios. Li algures que estamos com um problema de "obesidade mental" e penso que é exactamente isso que está a acontecer com a nossa juventude, salvo algumas excepções é claro!!!
Vera Alfama