SAPATOS DE DEFUNTO*
De «Sapatos de Defunto» se pode dizer que era uma obra que se pretendia despretensiosa, mas que acabou assumindo uma dinâmica andragógica que não estava, nem de perto, nem de longe, na intenção do autor.
Organizando estórias recentes de herdeiros que, a breve trecho, se viram na mais chocante miséria, e de «filhos de funcos» que se tornaram «senhores de sobrados», acabou o autor sendo arrastado para uma abordagem que, sem rebuço, se pode catalogar como educativa.
Mas o mais interessante nisso tudo, é o facto de a obra, não contente com a interpelação dos herdeiros, questiona, de forma incisiva, também as fontes das heranças e legados – pais, avós, benfeitores.
Na verdade, depois de SAPATOS DE DEFUNTO, a questão do sucesso das gerações vindouras já não será aquilatada tanto pela condição financeira dos pais, mas, e principalmente, pelo investimento que estes – pobres ou ricos, já não interessa – façam na educação dos seus filhos e na forma como os dotam dos ferramentais necessários para enfrentarem os desafios da vida.
Filho pobre já não será, necessariamente, aquele cujos pais tinham parcos recursos, mas também aquele cujos pais acumularam fortunas, mas se eximiram da responsabilidade de, antes de mais, o prepararem para a vida. Que deixar um bom património, por maior que seja, a uma «troupe» de analfabetos financeiros é como atirar pérolas a porcos. Deixa-se «casa-grande», sobrados, fortunas, que acabam sendo simplesmente delapidados.
Filho rico também já não pode ser identificado à luz dos preceitos de antanho: não é, necessariamente, aquele cujos progenitores tinham recursos avultados, por vezes incomensuráveis, mas todo aquele cujos pais, não importando o tamanho do pecúlio, investiram na sua educação e na sua preparação para a vida. São, regra geral, pessoas treinadas para fazer muito com pouco, gente que não confunde ACTIVO com PASSIVO, «herdeiros de funcos» que, logo logo, se transformam em «senhores de sobrados».
Conhecemos uns e outros, muito bem. Os que fizeram arder as heranças e aqueles que fizeram render o que construíram com o suor do seu rosto. Depois de «SAPATOS DE DEFUNTO» os pais vão sentir-se obrigados a escolher o que querem fazer pela sua prole: deixar-lhes a papinha feita ou dar-lhes as ferramentas para construírem o seu futuro?
Pobre, porque filho de pobre? Não. Pobre, porque educado para ser mero espectador/consumidor.
Rico, porque filho de rico? Não. Rico, porque educado e treinado para ser empreendedor.
* Pelo autor António Ludgero Correia
De «Sapatos de Defunto» se pode dizer que era uma obra que se pretendia despretensiosa, mas que acabou assumindo uma dinâmica andragógica que não estava, nem de perto, nem de longe, na intenção do autor.
Organizando estórias recentes de herdeiros que, a breve trecho, se viram na mais chocante miséria, e de «filhos de funcos» que se tornaram «senhores de sobrados», acabou o autor sendo arrastado para uma abordagem que, sem rebuço, se pode catalogar como educativa.
Mas o mais interessante nisso tudo, é o facto de a obra, não contente com a interpelação dos herdeiros, questiona, de forma incisiva, também as fontes das heranças e legados – pais, avós, benfeitores.
Na verdade, depois de SAPATOS DE DEFUNTO, a questão do sucesso das gerações vindouras já não será aquilatada tanto pela condição financeira dos pais, mas, e principalmente, pelo investimento que estes – pobres ou ricos, já não interessa – façam na educação dos seus filhos e na forma como os dotam dos ferramentais necessários para enfrentarem os desafios da vida.
Filho pobre já não será, necessariamente, aquele cujos pais tinham parcos recursos, mas também aquele cujos pais acumularam fortunas, mas se eximiram da responsabilidade de, antes de mais, o prepararem para a vida. Que deixar um bom património, por maior que seja, a uma «troupe» de analfabetos financeiros é como atirar pérolas a porcos. Deixa-se «casa-grande», sobrados, fortunas, que acabam sendo simplesmente delapidados.
Filho rico também já não pode ser identificado à luz dos preceitos de antanho: não é, necessariamente, aquele cujos progenitores tinham recursos avultados, por vezes incomensuráveis, mas todo aquele cujos pais, não importando o tamanho do pecúlio, investiram na sua educação e na sua preparação para a vida. São, regra geral, pessoas treinadas para fazer muito com pouco, gente que não confunde ACTIVO com PASSIVO, «herdeiros de funcos» que, logo logo, se transformam em «senhores de sobrados».
Conhecemos uns e outros, muito bem. Os que fizeram arder as heranças e aqueles que fizeram render o que construíram com o suor do seu rosto. Depois de «SAPATOS DE DEFUNTO» os pais vão sentir-se obrigados a escolher o que querem fazer pela sua prole: deixar-lhes a papinha feita ou dar-lhes as ferramentas para construírem o seu futuro?
Pobre, porque filho de pobre? Não. Pobre, porque educado para ser mero espectador/consumidor.
Rico, porque filho de rico? Não. Rico, porque educado e treinado para ser empreendedor.
* Pelo autor António Ludgero Correia
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