“Eu acredito demais na sorte. E tenho constatado que, quanto mais duro eu trabalho, mais sorte eu tenho.”
THOMAS JEFFERSON
Em Luanda, na Praia e em Sanvicente, no passado e no presente, na alma e no coração, no funje e na cachupa, temos a amizade na dose necessária para enfrentar os desafios deste milénio e do futuro que há-de vir depois disso. É assim que a intérprete e enterteiner ARI cantou a amizade Angola/Cabo Verde,em espectáculo na ilha de Luanda, no mês de Março que acaba de nos dizer goodbye, para gáudio dos cotas presentes.
E no último Domingo desse mesmo Março - que nos conduziu a Luanda – comemorámos, em S. Jorge, os 80 anos de dona Lídia (minha mãe durona), os 89 de Ludgero (meu pai, amantíssimo), os 52 (só?!) do Pina (amigo do peito). Na mesma data comemorou-se, na Assomada, o dobrar do cabo das Tormentas da Maria José e do José Maria. Longa vida a todos estes marcianos (de Março, não haja confusões!). E aos demais, também, é claro.
Mas nem só de comemorações viveu o mês findo. Apresentou-se o projecto da Lei-Quadro da Descentralização e fiquei sabendo da traição que a vida (ou terá sido a morte?) pregou a Veiga na segunda volta da eleição presidencial de 2001. Ele há cada estória rolando nas festinhas de amigos… Comecemos pelo fim:
1. Nas comemorações do 80º aniversário de Dª Lídia, em São Jorge, narrou-se, na maior «discontra», a estória de um amigo comum, falecido na véspera da Segunda Volta da eleição presidencial de 2001, a tal (e única) em que estiveram frente-a-frente Pedro Rodrigues Pires e Carlos Wahnon Veiga. Esse amigo, adepto ferrenho do MpD e fã de Carlos Veiga, apostava, dobrado contra singelo, em como Veiga ganharia a Pires, tranquilamente. E tinha um argumento de peso: «só em minha casa, são 12 (doze) votos garantidíssimos» - garantia. Quis o destino que o nosso amigo falecesse exactamente na véspera da ida às urnas, inviabilizando assim tanto o seu voto como o dos demais onze membros do clã que chefiava. E por ironia desse mesmo destino (malandro ele, né?) Veiga viria a perder por… 12 (doze) votos. Um dos convivas (um desses espirituosos que sacam piada ao acontecimento mais sério) saiu-se com esta: «e quem terá passado o atestado de óbito do homem?» Ninguém disse nada, mas ficaram no ar algumas questões: «conhecerá Veiga este episódio?»; «e se, por uma dessas partidas que o destino nos prega, tiver sido o Dr. Sidónio a atestar o óbito do Agosto?» Ao menos compreendia-se melhor os engulhos de Veiga quando o tema é Sidónio Fontes Monteiro.
2. Mudando de assunto. Não vi ainda o projecto da Lei-Quadro da Descentralização (a versão final do Governo), mas saúdo a opção pelas autarquias supra e infra municipais. Em outra oportunidade enumerara já as vantagens, para uma ilha como Santiago, de ter uma autarquia supra-municipal no que concerne ao planeamento do desenvolvimento, gestão de sinergias, implantação de infra-estruturas, etc. A asfaltagem da estrada de montanha Praia/Santa Catarina/Tarrafal jamais teria se iniciado em… São Domingos. No que a autarquias infra-municipais diz respeito, só direi que a opção chega com um grande atraso. Tivesse acontecido antes, não teríamos já todas as freguesias (circunscrições religiosas) - excepção feita a São Lourenço (Fogo) e a uma ou outra freguesia de Santo Antão - erigidas em municípios/concelhos (circunscrições administrativas). Não seria agora uma boa oportunidade para se repensar a divisão administrativa do país? Esta não seria a ocasião para a consagração das regiões (administrativas), coincidindo, cada uma delas; com o ente ILHA, e superiormente administradas pelos órgãos da autarquia supra-municipal? Aliás, a questão põe-se apenas em relação às ilhas com mais de um município. As demais, afinal a maioria - Sanvicente, Sal(?), Boavista, Maio e Ilha Brava – constituem-se, naturalmente, em regiões. E já agora, porque não rever a decisão da cisão da ilha de Santiago em dois círculos eleitorais? Ilha, Região Administrativa, Região Plano, Círculo Eleitoral, coincidindo no mesmo espaço físico, congregando as mesmas pessoas… seria, sem sombras para dúvidas, um grande passo. E, convenhamos, resolveria, por antecipação, alguns constrangimentos (Já estão a imaginar, por exemplo, o que vai acontecer nas eleições legislativas de 2011 no círculo eleitoral de Santiago-Sul? O mais certo é o primeiro responsável da região política ter de ceder o lugar de cabeça-de-lista ao Presidente do Partido (o qual pode até ser natural de outro círculo) ao contrário do que acontecerá nas demais regiões políticas. E alguém acredita que em alguma outra Região se aceitaria como cabeça de lista um candidato que fosse (natural ou residente) da região política Santiago-Sul? Digam ao Felisberto, ao Agostinho ou ao José Filomeno, que sugiram aparecer como cabeça-de-lista em Santiago Norte (ou outro círculo qualquer), alegando que são «obrigados» a ceder a primazia, na lista de Santiago-Sul, ao Presidente do Partido e candidato a Primeiro-ministro, para verem a resposta que receberiam. Se Santiago, à semelhança das demais ilhas, se constituísse em um único círculo eleitoral, obviar-se-ia tal constrangimento. Para além do facto de se poder evitar alguma fragmentação de vontades, nesta ilha que se esforça ainda por consolidar a sua unidade interna.
3. Março permitiu-nos, ainda e a par das sessões de trabalho, revisitar Luanda. Talvez seja mais próprio falar de Luandas (não confundir com Lundas): a Luanda antiga, transformada em urbe de torres e trânsito enervante; e a nova Luanda - a Luanda Sul - que se estrutura como cidade moderna, construída de raiz, e não acessível a todas as bolsas. Rever Luanda, ajuizar as possibilidades de uma forte intervenção em engenharia do tráfego, inventariar os nichos do magnífico mercado que é a capital da RPA, é um exercício estimulante. Tivesse menos 20 anos, e ousaria requerer ao Governo Provincial de Luanda a concessão da exploração dos estacionamentos da Capital angolana. Depois, seria montar a necessária engenharia financeira e participar da reorganização de uma das mais promissoras metrópoles da África Austral: construindo estacionamentos particulares, organizando os espaços públicos da cidade e contribuindo para uma maior ordem na utilização dos logradouros da urbe. Com a EPEL – Empresa Provincial de Estacionamentos de Luanda – em pouco tempo, estaria todo mundo ganhando: os promotores do negócio, os automobilistas, os peões, os poderes, os turistas, a cidade, que sei eu…
4. Fruto de uma relação com passado e presente; resultante de uma amizade de alma e coração; um futuro com bué de FUNJE e muita CACHUPA, para TODO MUNDO (de Sanvicente, da Praia, de Luanda), o abraço Angola/Cabo Verde é um trunfo que deve ser jogado no momento certo.
É isso mesmo, ARI. FUNJE NA CACHUPA, sim senhora. Para todos.
E no último Domingo desse mesmo Março - que nos conduziu a Luanda – comemorámos, em S. Jorge, os 80 anos de dona Lídia (minha mãe durona), os 89 de Ludgero (meu pai, amantíssimo), os 52 (só?!) do Pina (amigo do peito). Na mesma data comemorou-se, na Assomada, o dobrar do cabo das Tormentas da Maria José e do José Maria. Longa vida a todos estes marcianos (de Março, não haja confusões!). E aos demais, também, é claro.
Mas nem só de comemorações viveu o mês findo. Apresentou-se o projecto da Lei-Quadro da Descentralização e fiquei sabendo da traição que a vida (ou terá sido a morte?) pregou a Veiga na segunda volta da eleição presidencial de 2001. Ele há cada estória rolando nas festinhas de amigos… Comecemos pelo fim:
1. Nas comemorações do 80º aniversário de Dª Lídia, em São Jorge, narrou-se, na maior «discontra», a estória de um amigo comum, falecido na véspera da Segunda Volta da eleição presidencial de 2001, a tal (e única) em que estiveram frente-a-frente Pedro Rodrigues Pires e Carlos Wahnon Veiga. Esse amigo, adepto ferrenho do MpD e fã de Carlos Veiga, apostava, dobrado contra singelo, em como Veiga ganharia a Pires, tranquilamente. E tinha um argumento de peso: «só em minha casa, são 12 (doze) votos garantidíssimos» - garantia. Quis o destino que o nosso amigo falecesse exactamente na véspera da ida às urnas, inviabilizando assim tanto o seu voto como o dos demais onze membros do clã que chefiava. E por ironia desse mesmo destino (malandro ele, né?) Veiga viria a perder por… 12 (doze) votos. Um dos convivas (um desses espirituosos que sacam piada ao acontecimento mais sério) saiu-se com esta: «e quem terá passado o atestado de óbito do homem?» Ninguém disse nada, mas ficaram no ar algumas questões: «conhecerá Veiga este episódio?»; «e se, por uma dessas partidas que o destino nos prega, tiver sido o Dr. Sidónio a atestar o óbito do Agosto?» Ao menos compreendia-se melhor os engulhos de Veiga quando o tema é Sidónio Fontes Monteiro.
2. Mudando de assunto. Não vi ainda o projecto da Lei-Quadro da Descentralização (a versão final do Governo), mas saúdo a opção pelas autarquias supra e infra municipais. Em outra oportunidade enumerara já as vantagens, para uma ilha como Santiago, de ter uma autarquia supra-municipal no que concerne ao planeamento do desenvolvimento, gestão de sinergias, implantação de infra-estruturas, etc. A asfaltagem da estrada de montanha Praia/Santa Catarina/Tarrafal jamais teria se iniciado em… São Domingos. No que a autarquias infra-municipais diz respeito, só direi que a opção chega com um grande atraso. Tivesse acontecido antes, não teríamos já todas as freguesias (circunscrições religiosas) - excepção feita a São Lourenço (Fogo) e a uma ou outra freguesia de Santo Antão - erigidas em municípios/concelhos (circunscrições administrativas). Não seria agora uma boa oportunidade para se repensar a divisão administrativa do país? Esta não seria a ocasião para a consagração das regiões (administrativas), coincidindo, cada uma delas; com o ente ILHA, e superiormente administradas pelos órgãos da autarquia supra-municipal? Aliás, a questão põe-se apenas em relação às ilhas com mais de um município. As demais, afinal a maioria - Sanvicente, Sal(?), Boavista, Maio e Ilha Brava – constituem-se, naturalmente, em regiões. E já agora, porque não rever a decisão da cisão da ilha de Santiago em dois círculos eleitorais? Ilha, Região Administrativa, Região Plano, Círculo Eleitoral, coincidindo no mesmo espaço físico, congregando as mesmas pessoas… seria, sem sombras para dúvidas, um grande passo. E, convenhamos, resolveria, por antecipação, alguns constrangimentos (Já estão a imaginar, por exemplo, o que vai acontecer nas eleições legislativas de 2011 no círculo eleitoral de Santiago-Sul? O mais certo é o primeiro responsável da região política ter de ceder o lugar de cabeça-de-lista ao Presidente do Partido (o qual pode até ser natural de outro círculo) ao contrário do que acontecerá nas demais regiões políticas. E alguém acredita que em alguma outra Região se aceitaria como cabeça de lista um candidato que fosse (natural ou residente) da região política Santiago-Sul? Digam ao Felisberto, ao Agostinho ou ao José Filomeno, que sugiram aparecer como cabeça-de-lista em Santiago Norte (ou outro círculo qualquer), alegando que são «obrigados» a ceder a primazia, na lista de Santiago-Sul, ao Presidente do Partido e candidato a Primeiro-ministro, para verem a resposta que receberiam. Se Santiago, à semelhança das demais ilhas, se constituísse em um único círculo eleitoral, obviar-se-ia tal constrangimento. Para além do facto de se poder evitar alguma fragmentação de vontades, nesta ilha que se esforça ainda por consolidar a sua unidade interna.
3. Março permitiu-nos, ainda e a par das sessões de trabalho, revisitar Luanda. Talvez seja mais próprio falar de Luandas (não confundir com Lundas): a Luanda antiga, transformada em urbe de torres e trânsito enervante; e a nova Luanda - a Luanda Sul - que se estrutura como cidade moderna, construída de raiz, e não acessível a todas as bolsas. Rever Luanda, ajuizar as possibilidades de uma forte intervenção em engenharia do tráfego, inventariar os nichos do magnífico mercado que é a capital da RPA, é um exercício estimulante. Tivesse menos 20 anos, e ousaria requerer ao Governo Provincial de Luanda a concessão da exploração dos estacionamentos da Capital angolana. Depois, seria montar a necessária engenharia financeira e participar da reorganização de uma das mais promissoras metrópoles da África Austral: construindo estacionamentos particulares, organizando os espaços públicos da cidade e contribuindo para uma maior ordem na utilização dos logradouros da urbe. Com a EPEL – Empresa Provincial de Estacionamentos de Luanda – em pouco tempo, estaria todo mundo ganhando: os promotores do negócio, os automobilistas, os peões, os poderes, os turistas, a cidade, que sei eu…
4. Fruto de uma relação com passado e presente; resultante de uma amizade de alma e coração; um futuro com bué de FUNJE e muita CACHUPA, para TODO MUNDO (de Sanvicente, da Praia, de Luanda), o abraço Angola/Cabo Verde é um trunfo que deve ser jogado no momento certo.
É isso mesmo, ARI. FUNJE NA CACHUPA, sim senhora. Para todos.